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A que cheiram as tuas SAUDADES?

Estávamos os três sentados à chinês na mesa da sala.
(Continuo a achar muitíssimo curiosa e engraçada a expressão "sentar à chinês" como se os chineses se sentassem assim! Principalmente depois de estarmos a morar, precisamente, aqui ao lado da China!)
Preparávamo-nos, nesse momento, para começar a jantar.
Quando lhe veio ao nariz o perfume inconfundível a orégãos.
Um delicioso arroz de cogumelos e espargos, feito pelo Pai, e temperado com orégãos.
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Nesse instante.
Escutamos-lhe, atentamente, o discurso apressado, o turbilhão dentro do coração a girar mais forte e entre saudades e emoções fortes diz-nos:
"Estão a ver???? Aqui nem tenho o molho para comer…"
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Inspirei fundo.
Percebi-lhe nas palavras, precisamente, as saudades que sentia.
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Lembrou-se das maravilhosas tardes de verão.
Da areia nos pés depois do pôr do sol.
Sentada nas esplanadas.
Nós a comer caracóis e ela a provar o molho com pão alentejano a escorregar-lhe manteiga até aos cotovelos e de palito na mão.
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Sim, meu Amor.
Aqui não há caracóis para molhares pão.
Na verdade, nem há o pão de que gostas.
Mas há mil e tantas outras Coisas.
Também Boas. Também Bonitas.
Mas diferentes. Tão diferentes.
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A que cheiram as tuas SAUDADES?
Todos os dias a uma coisa nova.
Nesta noite: a orégãos, meu Amor.

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