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Hoje, levaste um bocadinho de NÓS para a tua sala. Foi dentro dessa cesta de figos.


Domingo esteve um lindo dia de sol.
Quente de verão.
À tardinha fomos visitar a Bisavó Piedade e enquanto alimentavas essa tua paixão pela Xaninha.
Xaninha - a gata preta e branca da Bisavó Piedade.
... eu comia figos!!!
Ai... figos!!!
Figos quentes e sequinhos do sol apanhados da árvore e comidos com casca!
É, precisamente, assim que os adoro!
Os figos da figueira da Bisavó Piedade e da Tia Fernanda são os mais doces:
negros por fora e vermelhos por dentro. 

Tão bons.

Depois, agarraste-te à figueira.
Puxaste os ramos, afastaste as largas e firmes folhas e colheste figos.
Tens, atentamente, o cuidado de escolher os maduros.
Enquanto te explico: são os escuros, Filha! Só os escuros!
Fazes uma selecção criteriosa dos que apanhas e colocas, um a um, dentro do alguidar cor-de-laranja.
Entre triagem, separação, cores, texturas, aromas, descobertas sensoriais, destreza física, perícia manual, motricidade fina, equilíbrio e introdução de novas palavras no teu vocabulário... apanhas figos!
Ainda não te rendeste ao sabor... mas estás rendida à colheita!
Juntos: a Tia Mé, a Tia Fernanda, o Tio Pardal, eu e tu enchemos o 

velhinho alguidar cor-de-laranja de figos madurinhos.
Com os dois braços carregas, forte, o alguidar para debaixo da figueira.
Depois, procuras mais figos e voltas a carregar o alguidar de um lado para o outro.
Valente!
Encontro um figo saboreado pelos pássaros e mostro-te como eles são gulosos e habilidosos.
Tão bonito este figo doce e depenicado, Filha!
Foram os passarinhos!
Pedimos duas cestas emprestadas ao Avô Mateus e dividimos os figos:
- uma cesta para a tua Escola
- uma cesta para irmos levar a casa de uns Amigos
(porque a fruta preferida é figos, pois claro!)
As cestas dos figos forram-se com folhas de figueira para ficarem bonitas e os figos ficarem frescos e protegidos.
Figos da Manjoeira
Hoje levaste a cesta dos figos que colheste e preparaste para partilhar com os teus Amigos.
Com as tuas mãos seguravas a cesta e o teu corpo segurava uma alegria e um sorriso infinito.
Pousámos a cesta em cima da mesa grande da tua sala com um recado escrito por mim e assinado, também, por ti!


É, também, esta a função da Escola.
Da Escola onde te quero. Da Escola que desejo que vivas.
A de partilhar e valorizar a herança cultural, as raízes, a origem e aquilo de que, também, a Escola é feita: Cultura de todos os que lhe pertencem.
É, também, esta a Escola que acredito e defendo. Uma Escola que passa Cultura, uma Escola que valoriza a Cultura, uma Escola que transmite Cultura, uma Escola com Cultura.
Uma Escola feita de Pessoas. E daquilo de que as Pessoas são feitas.
Para além de paredes pintadas e bonitas, recreios modernizados e cheios de equipamentos, ar-condicionado e aquecimento central, janelas amplas que deixam entrar a luz, uma ementa perfeita, acesso a novas tecnologias, aulas de chinês, húngaro e grego, 7 mil atividades extra-curriculares e horários da meia noite às 24h... 
Importam-me as Pessoas.
As Pessoas.
As Pessoas que estão na tua vida e que fazem parte das tuas referências.
Essas. As Pessoas que me importam.
E desejo, profundamente, que todos tenhamos memórias felizes do tempo em que fomos crianças. Que todos tenhamos um lugar bonito e especial onde guardamos as histórias das nossas Famílias, o tempo que passamos com elas e o TESOURO que elas são – isso é a nossa identidade.
Hoje, levaste um bocadinho de NÓS para a tua sala.
Foi dentro dessa cesta de figos.

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