Filha, aos 401 dias de vida OUT gostava que soubesses que o coração tem uma gaveta.

É tarde.
É muito tarde, Filha.
Mas hoje, pela primeira vez na tua vida, a Mãe estava decidida a falar-te sobre coisas que me têm vindo a decepcionar e que me deixam, profundamente, triste, magoada e desiludida... precisava de te contar o que sinto antes de adormecer...mas depois de escrever o título e de ter escolhido a tua fotografia... quando me lançava para colocar os dedos no teclado e desabafar contigo: Chamas-me!
... 
Choraste a pedir que fosse ter contigo.
... ou a que tirasse de dentro da minha gaveta o que me estava a deixar assim.
Peguei-te ao colo e trouxe-te para a nossa cama.
Agora, estás aqui deitada no meio de nós enquanto escrevo.
O Pai dorme profundamente e tu também.
Fiquei a pensar nos sentimentos tristes e amargos que estava a sentir e em como o teu choro os tornou tão pequeninos.
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Simples.
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Tu, Filha, vieste, também, dar hierarquia às minhas prioridades e mostrar-me o que realmente me deixa triste e me desilude.
És o Amor.
O Amor és TU.
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Tens razão, meu Amor: existem coisas que pensamos estarem dentro da gaveta e que, simplesmente, desaparecem.
Não precisam de ser tiradas.
Simplesmente, apercebes-te que, afinal, nunca lá estiveram dentro.
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E é quando procuras que te apercebes que a gaveta é tão mais bonita assim.

Nota Mental: Sim, Filha!
Crescer, também, é isto!