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Orgulhosamente SALOIA!

A Horta do Tio Manel
... que nunca te pegou ao colo mas que quero muito que saibas quem foi.
Forte e cheio de Alegria. Bem disposto. Brincalhão. Coração Maior. Doce e com um Colo Apertado. 
A Horta será sempre dele..., Filha!
Sempre.
Do nosso Tio Manel.

Leiras de Agrião, Filha!
Para molhar os pés e sentir a lama a escorregar por entre os dedos.
Lama.
Lama para brincar e procurar bichinhos.
Lama para misturar com folhas e pedrinhas.
Água.
Água para chapinhar e correr até cair dentro dos agriões!
Filha, isto é uma ALMACECA!
Onde se lavam os vegetais e se brinca com água até ficarmos com a roupa toda molhada!
Almaceca onde damos mergulhos no Verão.
Almaceca onde empurramos os molhos de hortaliça com uma cana e nos deslumbramos com as bolhinhas que nascem dos apertos dos espinafres e das nabiças.
Saudades das Coisas de quando a Mãe era Pequenina como tu,
meu
Amor!
Saudades dos cheiros, dos sons e dos sabores da
 
Horta do Tio Manel.
Hoje, contigo... as saudades são maiores.
O meu coração emociona-se e a Vida avança...
Hoje é o Primo quem te pega ao colo.
É ele quem te molha as mãos na leira dos agriões e te salpica as pernas com a água fria.
É ele quem te senta no seu colo para olhares o Mundo do alto de um tractor.
É ele quem dá abóboras às ovelhas para que elas se aproximem de ti.
É ele quem te mostra a suavidade do pêlo dos coelhinhos pequeninos e te faz escutar o grasnar dos patos.
É ele que te colhe um raminho de salsa para lhe sentires o cheiro e é ele que te abraça forte e te mostra, ao colo, a
Horta do seu Pai.

E eu...
Eu sei que há coisas que guardamos no nosso coração para sempre.
E desejo, profundamente, que um dia tenhas memórias tão felizes deste lugar...
 quanto as minhas.
E às minhas memórias... vou juntar as NOSSAS.
E o meu coração aumenta e cresce com tanto Amor.
E JUNTAS voltaremos sempre à 
 Horta do nosso Tio Manel

.És o Amor.
O Amor és Tu.

1 comments:

Teka disse...

Mergulhar molhos de coentros com as raizes sujas e sentir a terra a desprender-se o a dissolver-se naquele mar de agua... tirar os molhos da agua e ficar fascinada com a quantidade de agua que continham, com o espalhafato que faziam e o fantastico de, a partir de dada altura, ninguem se preocupar com isso porque estavam com pressa ou porque ja estava tudo molhado de qualquer forma; o motor de encher a almaceca, a forca da agua, as tonalidades e o vapor que de deixavam a olhar para aquele jacto.

Se me dissessem que algum dia teria saudades da horta ter-me ia rido, mas temos sempre saudades de onde fomos felizes :)