Uma verdadeira musiquinha from the heart

Hoje será um lugar comum falar neste senhor. Há 20 anos atrás partia aquele que eu julgava ser o meu pai sempre que o via na televisão. Aquele que eu costumava ouvir de manhã, à tarde e às vezes à noite. A voz mais doce de sempre, a escrita inteligente, suave, ternurenta e, por vezes, sarcástica. Aquele que eu nunca vi ao vivo mas de quem tenho vários discos de vinil. Lembro-me que há 20 anos atrás estava em casa da minha avó, num verão muito quente, e que se soube da notícia no dia seguinte ao do incêndio no Chiado, cujo fumo, contam os meus pais, se via da nossa casa. O Chiado onde ia passear todas as tardes, ver as montras dos brinquedos, dos vestidos de noivas, e onde apreciava o cobiçado penteado da Tina Turner. Lembro-me de ouvir dizer que quase parecia o fim do mundo... dois acontecimentos muito tristes em dois dias seguidos. Hoje em dia, ouvi-lo deixa-me um sentimento nostálgico, e quase que me traz lágrimas aos olhos, num misto de saudades de tempos de infância e da sensibilidade com que as músicas dele me tocam. Hoje fica uma das minhas músicas preferidas de todo o sempre:

Pó de Arroz
Carlos Paião

Pó-de-arroz
Tens hoje só p'ra mim
Pós de pirlim-pim-pim
E és um arroz-doce